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INTERVIEW PORTO BLUES MAGAZINE (BRAZIL) 2004

http://www.portoblues.com.br/edicao.htm

Sob o signo do peso punkrock


Que atire a primeira pedra quem discorda que a música estrangeira é muitas vezes mais valorizada no Brasil do que a própria música nacional. Quando falamos então de estilos como rock, hard core e punk rock essa diferença fica ainda mais clara. Todo mundo quer sempre escutar e principalmente ver uma banda gringa. Pena que quando essas bandas vem, demoram demais para voltar.Mas e se o gringo resolvesse ficar aqui? Ele beberia umas cervejas nos botecos e ainda faria vários shows pelas redondezas. Parece sonho? Então esse sonho virou realidade.

Chegado ainda este ano de sua terra natal, o australiano Simon Chainsaw é uma lenda viva do hard core australiano. Após percorrer caminhos que o levaram pela França, Alemanha e EUA, Simon agora aterriza em Porto Alegre para dar início à um novo projeto. Na terra da bossa nova ele encontrou seu novos parceiros de rock'n'roll e juntos eles formaram a Simon Chainsaw & The Hippy Killers, ou simplesmente SCHK. Composta por Simon Chainsaw (voz e guitarra), Fábio Marrone (guitarra solo), Joey Guzmann (baixo e voz) e Alexandre Barea (bateria), a SCHK tem tudo que uma banda gringa tem. A diferença é que ela é daqui.

Com influências de Ramones, Bad Religion e AC/DC a banda faz um punk rock como manda o script, mas deixando sempre espaço para improvisações. Seu som pesado e vibrante não deixa ninguém ficar parado e faz a cabeça da galera do surf e do skate. Nessa entrevista Simon fala um pouco sobre a sua história e como andam as coisas com a sua banda.

Portoblues chegou junto a Simon e agora você vai saber quem é este cara e como ele conquistou uma legião de fãs pelo mundo afora com seu hard rock encorpado e muito , mas muito pesado.

Portoblues - Simon, como começou a tua carreira?

Simon - Começou de um jeito normal de um garoto que queria começar a tocar rock, na garagem, com amigos, aos dezesseis anos, e depois cresceu... toquei em várias bandas em Sidney até formar o Vanilla Chainsaws, que foi sucesso na Austrália, Europa e Estados Unidos. O sobrenome Chainsaws era como Ramones, todos atendiam por Chainsaws. Mark Chainsaw, Peter Chainsaw.... Depois que a banda acabou as pessoas continuaram me chamando de Simon Chainsaw.

Portoblues - Como era a cena musical na Austrália quando você começou com as primeiras bandas?

Simon - A cena na Austrália nos anos 80 era fantástica.Era uma época anterior à do hip-hop e todos jovens eram rock 'n' roll. O punk rock e pré-Hardcore eram muito maiores do que já haviam sido. Havia um bar em cada esquina e todos os bares tinham três ou quatro noites por semana. Havia um clube em Sydney que tinha três andares e nos fins de semana haviam até oito bandas tocando por noite, nos três andares, até às seis da manhã. Toda a Austrália estava vibrando como som que mais tarde veia a ser conhecido como Alternativo ou Grunge, e todas bandas estavam fazendo tours. Esta foi a golden age do punk/hardcore cru, antes dele se tornar comercial e diluído.

Portoblues - Como é a tua relação com o público surf e skate, como ele começou a se tornar parte importante da tua carreira?

Simon - As tribos de surf e skate amam minha música, por isso minha banda anterior, Vanilla Chainsaws, foi lançada em vários vídeos de Australian Surf, e até em um vídeo brasileiro de skate em 2002. Mas os amantes do genuíno rock 'n' roll e punk rock também sacam minha música, e a tribo Chainsaw continuou crescendo comigo. Eles vêem que minha atitude nunca mudou, e ainda sou honesto e sério como sempre fui. Minha música conecta e preenche lacunas de gerações já que, estou vendendo, hoje, discos para os filhos de meus fãs originais.

Portoblues - Como você veio parar no Brasil ?

Simon - Em São Paulo tinha um cara que lá por 99 começou a importar CDs de música australiana e vender bem, aí ele decidiu fazer o selo Tronador e lançar estes discos. Eu vim olhar o processo de criação de arte, encarte, etc. Fiquei uns três meses em SP e depois de viajar pela América do Sul voltei e acabei ficando em Porto Alegre, a cidade mais rock do Brasil. Então comecei a tocar com vários amigos... O Jaques Maciel, da Rosa Tatooada, o pessoal da Tequila Baby, o Gabriel, da Cachorro Grande...Inclusive, todos tem participação no disco Told Me a Lie.


- E qual é desse disco novo que você acabou de gravar?

Simon - Told me a Lie foi gravado com a SCHK (Simon Chainsaw & The Hippy Killers), que é a minha banda. Ela é formada por Marrone na guitarra solo, Joey no baixo e Barea na bateria. O álbum sairá pela Tronador Records e estamos trabalhando junto com a nossa produtora,Radimídia no evento de lançamento para breve. Mas enquanto ele não chega às lojas, estamos divulgando a nossa faixa promo Told Me a Lie. Ela está a disposição para baixar em www.hippykillers.com. No site a galera também fica sabendo das datas dos nossos shows e ainda pode participar de promoções.

Portoblues - Com quem você já tocou e com quem gostaria de ter tocado, quem te influenciou e a quem você influenciou?

Simon - Eu poderia citar o nome de diversas bandas fantásticas que dividiram o palco comigo, mas infelizmente, os brasileiros em geral talvez não as conheçam. Toquei com bandas punks da Austrália como The Kelpies e Celibate Rifles, fiz tour com os Lemon Heads na Inglaterra no fim dos anos 80, na época do single Luka, e toquei no CBGB com o Sonic Youth e Swans. Fiz várias participações em shows da Tequila Baby, e eles participaram no nosso disco na faixa Told Me A Lie. Claro, eu adoraria ter tocado com os Ramones, Nirvana, Ratos de Porão, AC/DC, Radio Birdman, Pennywise... Quem não gostaria!?

Portoblues - Qual a tua visão do rock brasileiro atual?

Simon - O rock brasileiro está em um estágio fantástico neste momento. Há milhares de bandas, cada uma com uma visão. A competição é muito acirrada e as bandas estão com ótimas músicas. No Rio Grande do Sul há várias bandas excelentes de punk/hardcore. Infelizmente a mídia nacional está em São Paulo, portanto as bandas de São Paulo recebem mais atenção, mas existem excelentes bandas aqui e também no Rio de Janeiro e Vitória, no Espírito Santo!!! A cena no Brasil está, agora, similar à cena da Austrália nos anos 80. Só falta ter mais lugares para tocar, pois talento há de sobra, e fãs prontos para pular!

Portoblues - Qual o teu equipamento e como você tira este timbre gordo e consistente das guitarras?

Simon - Meu set é simples, guitarras Gibson, Firebird, SG ou Les Paul, combinadas com amplis Marshall, Crate ou Mesa Boogie, bem altos! Talvez um pedal para boost nos licks. É isso... simples, eficiente, cru e honesto.

Portoblues - Você gosta de escutar algum outro estilo de música?

Simon - Gosto de vários tipos de som. Acho que se deve ter uma mente aberta para manter a música fluindo através de você. O Brasil tem um cinturão de talentos e estilos. Adoro MPB, suave e frágil se comparada à pegada punk da S.C.H.K. Tim Maia, Banda Black Rio, com seu funk/R&B setentista , nada a ver com disco, Grand Funk Railroad (apenas as coisas novas), a primeira banda do Lemmy, do Motorhead, que era uma banda de rock psicodélico sessentista, e Lenny Kravitz.

Portoblues - Em que aspectos pode se dizer que Brasil e Austrália são países semelhantes?

Simon - A cultura é parecida. A gente gosta de cerveja estupidamente gelada (risos), e tem muito público para o rock.


 

           

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